quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um morto muito louco

Uma manhã normal. Foi assim que começou o dia do nosso colega que aqui chamarei de Tufão. Ele não fazia ideia do que o aguardava.
Pegou suas coisas, foi para o quarteirão, trabalho de tratamento normal, repetitivo, afinal somos "Agentes de Vigilância em Dengue".
Entrou numa das casas, uma moça o atendeu e ele fez a vistoria acompanhado por ela exceto pela caixa d'água já que ele teve que subir sozinho na lage. Ao descer, Tufão não encontrou a moça, foi aí que ele percebeu um senhor sentado numa poltrona com o olhar vazio.
Querendo terminar logo o serviço e sair, Tufão falou com o velho e como ele não respondia, pôs a mão no ombro do homem afim de chamar sua atenção.
Esse foi seu grande erro. O velho estava morto, durinho da silva!
Tamanho foi o susto que Tufão quase derrubou o cadáver. Soltou um grito e começou a chamar por socorro. Logo apareceu a moça que o havia recebido junto com outras pessoas. Acontece que ela percebeu o falecimento do avô enquanto Tufão vistoriava a caixa d'água e saiu para avisar os vizinhos.


Não podia ao menos ter lembrado de avisar ao coitado do ACE?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não me convidaram

Teve uma ACE que mandou um curioso bilhete à gerencia. 
Nele ela afirmava que se sentia injustiçada pois suspeitava que uma série de moças do PA (meninas e senhoras), teriam se oferecido ao então supervisor em troca de privilégios.
Não sei, mas isto está me parecendo inveja, talvez ela esteja querendo uns privilégios, ou talvez umas bimbadas do tal supervisor.
O fato é que pelo que nós conhecemos do supervisor em questão, tudo isso não passa de uma piada.
Além do mais, nós ACEs somos os profissionais mais fiéis de toda a prefeitura, juro pela sua mãe!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Barraco!

Minha patroa sempre diz que onde trabalham muitas mulheres juntas sempre sai confusão. Não é bem assim. Aqui na "dengue" trabalhamos todos misturados e sai confusão o tempo todo.
Ok, isso também não foi uma boa defesa, mas se analizarmos, as mulheres só estão envolvidas em 90% dos barracos. Só! Nos outros 10% geralmente tem algum boiola no meio.
Sexismo a parte, a verdade é que ACE costuma brigar por praticamente qualquer coisa, até por mariola. Eu só comecei falando sobre as meninas porque tem surgido uns boatos no mínimo curiosos por aí.
Num certo posto de saúde rolou um barraco por causa de uma agente que havia sido designada para ser supervisora substituta e uma outra, por não sei qual motivo, começou a acusá-la de estar supostamente trocando favores com o Supervisor e o Geral (favores sexuais). O pior é que o stress ocorreu bem no meio do posto lotado, diante de pacientes, enfermeiros, funcionários e médicos. Perdão, não haviam médicos no posto de saúde, como sempre. Mas foi um tremendo barraco, quase que sai todo mundo na porrada e a turma ficou no maior constrangimento.
Minha filha, roupa suja se lava em casa, se não vai com a cara da outra chama ela num canto e resolvam-se, ou então pega ela no tapa lá fora!

sábado, 16 de junho de 2012

Quebrando o gelo

Certa vez a turma estava planejando comemorar o aniversário do Supervisor Geral com um bolinho no PA. Claro que temos que admitir que também era um pretexto para ninguém ir para o campo a tarde. Pois bem, todos concordaram e começaram então os preparativos. Alguém traria o bolo, outro o refrigerante e assim por diante.
Acontece que a geladeira do PA fazia muito gelo e não estava dando espaço para guardar os refrigerantes no congelador. Foi então que um colega nosso, que aqui chamarei de Santiago, se prontificou para quebrar o gelo. Empunhou sua picadeira e partiu pra dentro da geladeira como se fosse enfrentar um verdadeiro leão.
Da sala do PA se ouviam os sons de golpes que partiam da copa, de tão animado que o ACE estava com sua nova função. De repente ouviu-se um barulho de algo estourando e os gritos de Santiago pedindo socorro.
Tamanha era a determinação de Santiago em quebrar o gelo que ele estava batendo com a ponta da picadeira e furou a geladeira. A copa parecia uma nuvem com todo aquele gás de geladeira escapando na cara dele e o coitado desesperado tentando tapar o buraco com o dedo.
Em resumo, ficamos sem geladeira. Arranjamos um balde e pusemos ali os refrigerantes aproveitando o gelo que tiramos do congelador.
Durante a comemoração comentamos o ocorrido e rimos. E não é que o esperto foi tentar quebrar o gelo do balde com a picadeira novamente, errou o gelo, atingiu uma garrafa de refrigerante e foi aquele jato de refrigerante até o teto do PA.

Até hoje ninguém nunca mais deu uma picadeira nas mãos dele.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O que é que a Baiana tem?...

Havia um ACE em um PA onde trabalhei que era uma figuraça. Eu o chamarei aqui pelo pseudônimo de Juruna.
Pois bem. Juruna era o tipo do cara machista, que se dizia pegador, garanhão e tal. Sempre voltava do campo contando vantagens de que tinha visto alguma mulher gostosa bonita lhe dando mole. Em geral não acreditávamos nas suas anedotas.
Dizia ele que estava namorando uma baiana linda e maravilhosa. Nós nunca soubemos o real nome dela, por isso até hoje só a conhecemos como Baiana, mas a sua existência foi comprovada, para o desespero do próprio Juruna.
Foi num dia chuvoso, não tínhamos o que fazer a não ser ficar no PA jogando conversa fora. Subitamente manifesta-se em nossa porta uma estranha criatura trajando colete de futebol, um buço enorme, coçou a virilha, deu uma cusparada e chamou com uma voz grossa:
- Juruna! Vem cá!
Minto, ela não disse "Vem cá!", só chamou o nome e o Juruna atendeu prontamente indo todo cabisbaixo conversar com ela do lado de fora.
Ficamos todos perplexos ao testemunhar tal bizarra aparição em plena luz do dia e só depois de algum tempo é que fomos deduzir que aquela era a Baiana. "Linda e maravilhosa" só se for pra ele.
Foi muito cômico de ver o outrora tão marrento Juruna ali todo submisso ouvindo esporro da Baiana. Fazer o quê? Se ele dissesse algo que ela não gostasse era capaz de apanhar feio.
Mas eles se entenderam depois disso. Dizem até que eles estão juntos até hoje.
O amor é mesmo lindo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cavalo-de-pau na ponte

As vezes nós escutamos dos nossos colegas umas historinhas, digamos, meio difíceis de acreditar. Mas a gente está aí pra tudo. Temos que aprender principalmente com os mais velhos.
Um camarada, chamaremos ele aqui de Obama, nos contou o seguinte causo:
Em 1969, estava ele indo para o trabalho no Centro, dirigindo um fusca. Vinha de Madureira e, como estava atrasado, acelerou a 130km/h na Avenida Brasil.
Quando chegou ao bairro do Caju, Obama se confundiu com as placas e acabou pegando a Ponte Rio Niterói. Ao perceber que havia errado o caminho, acelerou ainda mais chegando a 180km/h. Com um fusca! Pensou: "Eu vou lá, faço o retorno rapidamente e volto pro Rio.".
Mas Obama se esquecera do pedágio. Quando viu que se aproximava da praça do pedágio, lembrou que não teria dinheiro para pagar. E agora?
Foi aí que ele exclamou:
- Não vou pagar merda de pedágio nenhum!
Acelerou mais o seu fuscão e deu um cavalo de pau de tal maneira que saltou sobre a mureta e foi parar na pista que volta para o Rio.

Impressionante! Arrepia os cabelos só de imaginar! Virou meu herói!

Uma manobra dessas com um fusca na Ponte em 1969... Peraí!
A Ponte foi inaugurada em 1974!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rabinho

Certo dia um colega nosso visitava um edifício comercial com vários escritórios, chamarei-o aqui de Mickey.
Na época vistoriava-se todas as salas e apartamentos. Ou foi num bloqueio? Não lembro. Só sei que o Mickey teria que vistoriar todo o prédio.
Foi lá ele, em sua rotina diária, do décimo ao primeiro andar, vistoriando pratinhos de plantas, ralos (mesmo quando desnecessariamente), e dizendo sempre as mesmas coisas para todo mundo.
Mas de repente, a partir mais ou menos do oitavo andar, Mickey começou a perceber que a atitude das pessoas em relação a ele havia mudado.
Normalmente a maioria das pessoas nos olha de cara feia, tipo: "-lá vem aqueles chatos de novo". Mas agora as pessoas o estavam atendendo com sorrisos e por onde ele passava, as moças davam risinhos e sussurravam entre elas.
Aí o Mickey se sentiu o gostosão. E falava, gastava o tempo, piscava pras meninas, e todos riam e o achavam o máximo.
Só quando ele chegou ao primeiro andar é que ele foi ver o porquê.
Acontece é que quando ele estava lá no oitavo andar vistoriando um banheiro, um rolo de papel higiênico se enganchou na sua bolsa e conforme ele ia andando ia arrastando um "rabo" de papel.
Realmente as meninas não estavam rindo para ele.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cadê a kombi?

Um amigão nosso, motorista, que aqui eu o chamarei de Barney, estava todo animado para participar da nossa confraternização de fim de ano.
Ao terminar o expediente ele levou a kombi do serviço para a garagem, guardou-a, e de lá pegou uma carona para ir direto ao local da festa.
Foi uma festa muito boa, todo mundo se divertiu bastante.
Mas ao final da festa, Barney estava meio nervoso pois ele não estava conseguindo encontrar a kombi.
Ele se esqueceu completamente de que viera de carona para a festa.
Como o colega que o trouxe de carona já havia partido e ninguém viu quando ambos chegaram, todos acreditaram que a kombi havia sido roubada.
Que sacanagem! Roubaram uma viatura da prefeitura!
Só havia uma coisa a fazer: chamar a polícia.
E lá foi o Barney para a delegacia prestar queixa sobre o suposto roubo da viatura. Fez o boletim de ocorrência, disse que era autoridade da vigilância em saúde, que isso não se faz, que era um desrespeito com a saúde pública. Enfim, quase chorou.
Tudo isso para, no dia seguinte, ele abrir a garagem e encontrar a kombi estacionada lá, do mesmo jeito que ele havia deixado.
Aí a memória voltou.
E Barney teve que voltar a delegacia para retirar a queixa e dizer que tudo não passou de um mal entendido.
Só não sei o porquê de ele ter demorado tanto na delegacia. No mínimo tomou um esporro federal.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

1746

Quando vamos atender reclamações, vamos preparados para encarar as mais diversas situações, mas nem sempre nos deparamos com um problema de verdade.
Muitas vezes as reclamações são apenas resultado de rixas entre vizinhos. Outras vezes o reclamante está apenas preocupado em nos manter ocupados, é o popular "só pra encher o saco". E tem aqueles que nos chamam para dar sugestões no mínimo inusitadas.

Uma vez uma ACE foi atender uma reclamação e quando lá chegou o morador queria que ela tapasse um valão (isso mesmo tapar um valão!) e que ali a prefeitura poderia até construir um estacionamento para ganhar dinheiro. Agora vejam só isso, um contribuinte que se preocupa em ajudar os políticos a ganharem dinheiro. Sugestão anotada.

Teve um cidadão genial que sugeriu que para acabar com a dengue a prefeitura deveria comprar 10 mil maçaricos, apontar para os bueiros e acendê-los todos ao mesmo tempo. Brilhante!! Como se já não tivéssemos bueiros explodindo o suficiente. Certamente isso acabaria com a doença já que não haveriam mais pacientes para serem infectados. Esse cara deve ser argentino.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Faz o quatro aí

Aconteceu num carnaval.
Fomos convocados para fazer panfletagem durante o desfile de um bloco e lá estávamos nós. Caixas de panfletos, ventarolas, gente bêbada, banheiros químicos, camisinhas, enfim aquele inferno lindo que é o carnaval.
Isso tudo sem falar ainda do calor. O maçarico de São Pedro estava ligado.
Nesse clima todo e no meio da multidão, realmente não dá para controlar todo mundo e alguns camaradas não resistiram a tentação de beber uma cerveja geladinha para espantar o calor.
Só não pode exagerar na dose como é o caso de um amigo nosso que eu chamarei aqui pelo singelo pseudônimo de Sócrates.
Havia um ponto de encontro e, quando nos reunimos, Sócrates chegou lá todo alegre e tropeçante.
Perguntamos:
- Sócrates, você está bêbado?
E ele respondeu com a voz embargada:
- Tô naoum, num tô naum.
Aí um colega disse:
- Faz o quatro aí se não estiver bêbado!
Aí o Sócrates botou as mãos nos joelhos e ficou de quatro.
Pronto! Foram duas confirmações de uma só vez.
Se bem que a gente já desconfiava dessas duas coisas e depois disso não houve mais dúvidas.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Boca de ostra

Tem uns colegas nossos que de vez em quando soltam umas pérolas que acabam se tornando históricas. Não é querer desdenhar da inteligência de ninguém, afinal, sabemos que nem todos tem o mesmo acesso à cultura. Eu também falo e escrevo errado às vezes. Porém há frases que doem lá no fundo da mente.

Vou citar alguns exemplos:
O que você diria se ouvisse uma dessas frases?

"- É uma ladeira muito ingridi."
"- Eu si fudi."
 "- Ao invés de escrever Tempo Chuvoso escreva apenas TX."
"- Eu vejo vocês como um toldo."
"- Vocês são minhas seistemunhas."

E vai por aí. Não lembro te todas agora mas de qualquer forma é bom parar por aqui.
Hoje em dia botam a culpa toda na internet mas a maioria dos autores dessas frases são de épocas bem anteriores.