domingo, 23 de outubro de 2011

Enjaulado

A gente costuma muito reclamar da falta de material, das condições dos PAs, salários e tudo o mais. Com muita justiça, sem dúvida. Mas acreditem, isso aqui já esteve bem pior. Houve uma época em que nós não tinhamos sequer uniforme. Crachá então era algo mítico. E era nessas circunstâncias que a gente tinha que sair nas ruas para trabalhar.
Certa vez um colega nosso, que chamaremos aqui pelo pseudônimo de Maguila, foi fazer o reconhecimento dos quarteirões da sua área. E lá estava ele marcando um quarteirão quando foi abordado por um grupo de policiais que queriam saber exatamente o que ele estava fazendo ali.
Acontece que o muro que ele acabara de marcar com giz de cêra pertencia a um presídio.
No instante seguinte, Maguila se viu do lado de dentro daqueles muros, sendo interrogado por vários policiais e tentando desesperadamente encontrar uma forma de provar que era funcionário da prefeitura e que focinho de porco não é tomada.
 Maguila se explicou, disse quem era, mas sem uma identificação decente e usando apenas a camiseta do uniforme e a bolsa, não colou.
Já estavam quase levando o Maguila para a jaula, mas eis que finalmente ele encontra no fundo de sua carteira, um contracheque que confirma a sua história e lhe salva a pele.
Por pouco a sua atitude insensata não lhe rendeu mais do que um susto. Porém o boato que corre é que ele até se casou lá dentro do presídio.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Pegador

Quando vamos visitar essas empresas enormes nunca sabemos ao certo o que esperar. Às vezes nos damos muito bem. Mas esse não foi o caso de um amigo nosso.
Vou chamá-lo aqui de Arnold.
Pois bem, Arnold estava trabalhando em um quarteirão onde havia uma dessas grandes firmas. Naturalmente ele foi até a portaria, se identificou, explicou sete vezes o que iria fazer lá, houve aquele habitual e irritante jogo de empurra-empurra pra ver quem deveria acompanhá-lo. Nisso já se passara quase meia hora e Arnold já começava a se desanimar e pensava em ir embora. Foi quando surgiu a moça da faxina que o acompanharia.
Era uma moça simpática, comunicativa e tinha lá seus encantos. Encantos esses que o Arnold reparou logo de cara.
Começaram então a vistoriar o imóvel. Enquanto faziam a vistoria eles conversavam animadamente e Arnold percebeu que ela lhe dava condições de aproximação. Se ainda há pouco ele queria sair o mais rápido possível, agora ele passaria o dia inteiro ali.
Havia um jardim que ficava um pouco mais isolado da firma. Então, tomado por um impulso primitivo conferido por uma descarga massiva de testosterona, Arnold começou a pensar consigo mesmo "Eu tenho que dar uns amassos nessa mulher e vai ser alí mesmo". Pediu a ela que o levasse lá mas o jardim estava trancado e ela precisaria pegar a chave com seu supervisor.
Foram até o supervisor, Arnold pediu a chave, o supervisor virou-se para uma porta e gritou:
- Ô Valdemar! Traz as chaves do jardim e acompanha esse rapaz da dengue lá!
Surge então o tal do Valdemar, um negão com o dobro do tamanho e largura do Arnold, passou pela porta quase entalando.
A mocinha linda sumiu e Arnold não teve outra alternativa senão ir visitar o jardim com o Valdemar.
O que aconteceu depois disso ninguém sabe ao certo, só ficaram as especulações.