terça-feira, 27 de março de 2018

PQVC

Certo dia estavamos eu e um colega indo para o campo. Já estávamos a uma certa distância do PA quando começamos a sentir uns pingos muito discretos. Eram umas gotículas minúsculas e o céu permanecia bem claro, por isso ficamos na dúvida se deveríamos voltar ou não.
Um dizia: "Vamos voltar, está chovendo" e o outro concordava e davam meia-volta, andavam um pouco e diziam: "Mas o céu está tão claro, essa chuva não vai vingar" e se viravam de novo. Ficamos nesse impasse por uns 15 minutos, mas como a chuva não caiu de vez, e temendo levar uma bronca do supervisor, resolvemos prosseguir.
Mas o destino é uma coisa sacana. Eis que no caminho nós tinhamos que passar ao lado de um canteiro de oobras que nesse dia estava usando um daqueles bate-estacas enormes.
Quando nós vimos aquela imensa coluna de metal se erguendo totalmente coberta de lama, tivemos o mesmo pensamento simultâneo. Apressamos o passo mas de nada adiantou. Logo a máquina bateu sua estaca e voou lama para todos os lados.
Minutos mais tarde estávamos de volta no PA, cobertos de lama, o supervisor rolando de rir e com uma lição aprendida:
Se cair água do céu é chuva. Não é chuvisco, não é garoa, não é do ar condicionado. É CHUVA.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O PEIXE DE GUADALUPE

Era um dia de meio expediente no PA e a turma resolveu sair para almoçar junta. Estavam Homer, Marge, Bart e Lisa juntos pensando aonde iriam quando, lembrando do tempo que trabalhou em outra CAP, Lisa sugeriu que fossem a uma peixaria em Guadalupe.

Guadalupe é um bairro distante do Centro mas, como estavam saindo cedo mesmo e era meio caminho para a maioria deles, todos toparam.

Estavam já no ponto de ônibus quando Homer teve a brilhante ideia de irem de táxi.

- Mas vai sair caro!

- Que nada! Um dia desses levei minha mulher até Laranjeiras e foi baratinho!

- Tem certeza? Olha lá hein?!

- Tenho absoluta certeza! Vai por mim!

E foram. Depois de alguma discussão acabaram por pegar um táxi.

Só de atravessar a Presidente Vargas o valor no taxímetro já tinha passado o que Homer tinha estipulado. E o taxista era bem articulado. Eu diria que ele era articulado até demais. Foi a viagem toda falando bobagens e coisas inconvenientes. Quando finalmente chegaram na tal peixaria perceberam que gastaram muito mais no transporte do que própriamente no almoço. Apesar disso, todos riram da experiência, afinal estava na cara que isso não daria certo.

Neste dia Bart pensou que essas histórias de desventuras dos ACEs desapareceriam se não fossem registradas. Pensou num nome, rabiscou num guardanapo e enfiou no bolso para não esquecer da ideia. No guardanapo havia escrito "ACE's Adventures".

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

DOIS PATINHOS NA LAGOA

Resultado de imagem para patinhos na lagoaSabe aquele amigo que só quer ajudar, mas quer ajudar tanto que acaba atrapalhando?  Pois então, isso me lembra de algo que ocorreu com dois colegas que chamaremos aqui de Pinguim e Charada.
Acontece que ambos moram depois da poça e num determinado dia deveriam se apresentar em um evento na Praça da Cruz Vermelha. Como o Charada não sabia ao certo qual ônibus pegar resolveu perguntar ao Pinguim. Este logo se mostrou como um grande conhecedor das linhas públicas:
- Deixa que eu te levo lá! É aquele ônibus ali ó! Eu conheço pela cor! Você vai ver, não vamos nem fazer baldeação.
Diante de tamanha demonstração de certeza, lá foram eles pegar o tal ônibus.
O motorista foi, atravessou a ponte, passou pela Leopoldina, até aí tudo normal. Mas então o ônibus subiu o viaduto da Paulo de Frontin. O Charada deu uma olhada para o Pinguim e este continuava com aquele olhar confiante. "Este ônibus deve fazer o retorno lá na frente" pensou.
Nada feito. O ônibus não fazia nenhuma menção de que iria virar e de quando em quando o Charada dava um olhar fuzilante para o Pinguim, que agora já começava a demonstrar um certo nervosismo. Foi quando o ônibus entrou pelo túnel Rebouças e foram parar lá na Lagoa que foi a gota d'água. O Charada xingava o Pinguim em sete idiomas.
- Conhece o ônibus pela cor né, miserávi?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um morto muito louco

Uma manhã normal. Foi assim que começou o dia do nosso colega que aqui chamarei de Tufão. Ele não fazia ideia do que o aguardava.
Pegou suas coisas, foi para o quarteirão, trabalho de tratamento normal, repetitivo, afinal somos "Agentes de Vigilância em Dengue".
Entrou numa das casas, uma moça o atendeu e ele fez a vistoria acompanhado por ela exceto pela caixa d'água já que ele teve que subir sozinho na lage. Ao descer, Tufão não encontrou a moça, foi aí que ele percebeu um senhor sentado numa poltrona com o olhar vazio.
Querendo terminar logo o serviço e sair, Tufão falou com o velho e como ele não respondia, pôs a mão no ombro do homem afim de chamar sua atenção.
Esse foi seu grande erro. O velho estava morto, durinho da silva!
Tamanho foi o susto que Tufão quase derrubou o cadáver. Soltou um grito e começou a chamar por socorro. Logo apareceu a moça que o havia recebido junto com outras pessoas. Acontece que ela percebeu o falecimento do avô enquanto Tufão vistoriava a caixa d'água e saiu para avisar os vizinhos.


Não podia ao menos ter lembrado de avisar ao coitado do ACE?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não me convidaram

Teve uma ACE que mandou um curioso bilhete à gerencia. 
Nele ela afirmava que se sentia injustiçada pois suspeitava que uma série de moças do PA (meninas e senhoras), teriam se oferecido ao então supervisor em troca de privilégios.
Não sei, mas isto está me parecendo inveja, talvez ela esteja querendo uns privilégios, ou talvez umas bimbadas do tal supervisor.
O fato é que pelo que nós conhecemos do supervisor em questão, tudo isso não passa de uma piada.
Além do mais, nós ACEs somos os profissionais mais fiéis de toda a prefeitura, juro pela sua mãe!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Barraco!

Minha patroa sempre diz que onde trabalham muitas mulheres juntas sempre sai confusão. Não é bem assim. Aqui na "dengue" trabalhamos todos misturados e sai confusão o tempo todo.
Ok, isso também não foi uma boa defesa, mas se analizarmos, as mulheres só estão envolvidas em 90% dos barracos. Só! Nos outros 10% geralmente tem algum boiola no meio.
Sexismo a parte, a verdade é que ACE costuma brigar por praticamente qualquer coisa, até por mariola. Eu só comecei falando sobre as meninas porque tem surgido uns boatos no mínimo curiosos por aí.
Num certo posto de saúde rolou um barraco por causa de uma agente que havia sido designada para ser supervisora substituta e uma outra, por não sei qual motivo, começou a acusá-la de estar supostamente trocando favores com o Supervisor e o Geral (favores sexuais). O pior é que o stress ocorreu bem no meio do posto lotado, diante de pacientes, enfermeiros, funcionários e médicos. Perdão, não haviam médicos no posto de saúde, como sempre. Mas foi um tremendo barraco, quase que sai todo mundo na porrada e a turma ficou no maior constrangimento.
Minha filha, roupa suja se lava em casa, se não vai com a cara da outra chama ela num canto e resolvam-se, ou então pega ela no tapa lá fora!

sábado, 16 de junho de 2012

Quebrando o gelo

Certa vez a turma estava planejando comemorar o aniversário do Supervisor Geral com um bolinho no PA. Claro que temos que admitir que também era um pretexto para ninguém ir para o campo a tarde. Pois bem, todos concordaram e começaram então os preparativos. Alguém traria o bolo, outro o refrigerante e assim por diante.
Acontece que a geladeira do PA fazia muito gelo e não estava dando espaço para guardar os refrigerantes no congelador. Foi então que um colega nosso, que aqui chamarei de Santiago, se prontificou para quebrar o gelo. Empunhou sua picadeira e partiu pra dentro da geladeira como se fosse enfrentar um verdadeiro leão.
Da sala do PA se ouviam os sons de golpes que partiam da copa, de tão animado que o ACE estava com sua nova função. De repente ouviu-se um barulho de algo estourando e os gritos de Santiago pedindo socorro.
Tamanha era a determinação de Santiago em quebrar o gelo que ele estava batendo com a ponta da picadeira e furou a geladeira. A copa parecia uma nuvem com todo aquele gás de geladeira escapando na cara dele e o coitado desesperado tentando tapar o buraco com o dedo.
Em resumo, ficamos sem geladeira. Arranjamos um balde e pusemos ali os refrigerantes aproveitando o gelo que tiramos do congelador.
Durante a comemoração comentamos o ocorrido e rimos. E não é que o esperto foi tentar quebrar o gelo do balde com a picadeira novamente, errou o gelo, atingiu uma garrafa de refrigerante e foi aquele jato de refrigerante até o teto do PA.

Até hoje ninguém nunca mais deu uma picadeira nas mãos dele.